domingo, 21 de setembro de 2008

A Ínfima Mariposa


Estava em casa quando vi, de longe, algo pequeno e escuro no beiral da janela.

Curioso, cheguei mais perto e descobri que era uma mariposa, minúscula, quase um nada de vida. Talvez chegasse a um centímetro, talvez nem isso, e sua cor era um bege desbotado. Olhei para aquele ser com um ar de superioridade - eu grande e ela, quase nada.
Então, a pequena mariposa virou seu corpo até ficar de costas para mim, mexeu um pouco suas asas e alçou vôo pela janela, em direção ao céu azul.
E eu continuei preso ao chão.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Fio de corte


Onde estão as vísceras?

Onde está o sangue jorrando pelas artérias?
Vamos descer ao porão
Não tenhamos medo
Lá é escuro e frio
Não tenhamos medo
Vamos esmurrar o espelho e a vergonha
E gritar
Vamos acender uma vela no breu
E num pedaço de papel
Desenhar nossas faces magras
Vamos flertar com a insanidade
Fiquemos nus
A escrever pelas paredes, a escrever em nossos corpos frágeis
Poemas crus, duros como um soco na cara
Empunhando-os como navalha pronta
Para golpear a carne
Vamos ver o verbo destrinchar nossas entranhas
E em meio ao sangue quente de nossas vísceras
Parir dores ocultas
E sagradas verdades

sábado, 13 de setembro de 2008

Vê,
A vida urge
Vê que a rosa do campo
Não espera para desabrochar
Desabrocha apenas
Que as ondas do mar
Nada planejam
Onde irão nascer,
Ou onde irão pousar
Pois não espere
Não espere para amar
Não espere para viver
Lembre-se,
Que o caminho se abre
Aos que tem coragem
Para começar
Faz sua trilha
Se faz caminhar
Quem é sábio não aguarda
E quem é vivo não espera
Sabe que são das flores abertas
Que se faz uma primavera