sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Fio de corte


Onde estão as vísceras?

Onde está o sangue jorrando pelas artérias?
Vamos descer ao porão
Não tenhamos medo
Lá é escuro e frio
Não tenhamos medo
Vamos esmurrar o espelho e a vergonha
E gritar
Vamos acender uma vela no breu
E num pedaço de papel
Desenhar nossas faces magras
Vamos flertar com a insanidade
Fiquemos nus
A escrever pelas paredes, a escrever em nossos corpos frágeis
Poemas crus, duros como um soco na cara
Empunhando-os como navalha pronta
Para golpear a carne
Vamos ver o verbo destrinchar nossas entranhas
E em meio ao sangue quente de nossas vísceras
Parir dores ocultas
E sagradas verdades

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