sábado, 24 de novembro de 2007

A vida é cheia
De poesia e sombras
É tudo tão pequeno
Dentro de uma gaiola
Tudo tão sufocadamente pequeno
Mas quando saímos
Pelo mundo afora
E vimos gente
E sons por todos os lados
E a vida
E a vida
Nada da pequenez
Da gaiola
Apenas os pequenos
E vergonhosos problemas
Cabem nela
No mundo não há espaço
Para isso.

Um comentário:

Mônica disse...

Lú!!!
Este seu post me fez lembrar de uma canção do Arnaldo Antunes que eu gosto muito. Chama-se Cambimento.
Bjão procê!

Como uma agulha cabe numa caixa de fósforos
ou num caixão
num palheiro num jardim no bolso de uma pessoa
na multidão
caminhão montanha tudo cabe em seu tamanho
tudo no chão
hoje eu caibo nesse mesmo corpo que já coube
na minha mãe

minha mãe
minha avó
e antes delas minha tataravó
e antes delas um milhão de gerações distantes
dentro de mim

um lugar
num porão
uma cama num colchão
como um átomo num grão
uma estrela na galáxia

como a bala de revólver cabe no revólver
cabe também
numa caixa num buraco bem no centro do alvo
ou em alguém
onde cabem coração cabeça tronco e membros
soltos no ar
como cada gesto cabe no seu movimento
muscular

só nós dois
meu amor
não cabemos em mim ou em você
como toda gente tem que não ter cabimento
para crescer