Passo por uma repartição pública
Com seus arquivos cinzas
E os ventiladores ligados
Com suas hélices girando
Vagarosamente
São três da tarde
Um funcionário público assobia
Enquanto mexe em uma pilha de papéis
E um copo de café morno repousa sobre sua mesa
Ele boceja e olha para o relógio
Que acaba de marcar
Três e sete.
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
Cinza-chumbo
Da janela posso ver
As nuvens se formando
Tomando o azul do céu
Como grandes deusas cinza-chumbo
Lentamente se unindo
Em um só corpo
Trovejando, de tempos em tempos
Seus gritos de anunciação
Do temporal que está por vir
As nuvens se formando
Tomando o azul do céu
Como grandes deusas cinza-chumbo
Lentamente se unindo
Em um só corpo
Trovejando, de tempos em tempos
Seus gritos de anunciação
Do temporal que está por vir
8 anos
Não há Carma, nem Divina Justiça
Que me faça entender
Por que você, doce menina
Dorme sozinha, na rua, ao relento
Um anjo não poderia, não poderia jamais
Fazer, da sua casa,
O asfalto, o cimento
Mas você, triste anjinho
Tem sua sala o cimento
Tem sua mesa o cimento
Tem sua cama o cimento
E entre seu ninho de papelão e de cobertas poídas
Fez seu aniversário em uma calçada suja
Comemorando 8 anos na companhia
Da fome, do frio, do desalento
E eu, em minha pequenez humana
Te abraço, te beijo, e junto ao copo de leite quente
A única coisa que, vergonhosamente
Posso te oferecer nessa noite de inverno,
Rezo em prece silenciosa
Para que seus próximos 8 anos
E mais 8 anos e mais, muito mais que 8 anos
Sejam de despertar
De bater asas, de voar
Ir para longe, muito longe
Desse cimento frio que te acolhe agora
E que vire uma mulher
Digna, forte,
Que desafie os carmas e as justiças divinas
Que desafie as porcentagens e as estatísticas dos jornais
E ainda que com cicatrizes no corpo e na alma
Seja feliz.
Que me faça entender
Por que você, doce menina
Dorme sozinha, na rua, ao relento
Um anjo não poderia, não poderia jamais
Fazer, da sua casa,
O asfalto, o cimento
Mas você, triste anjinho
Tem sua sala o cimento
Tem sua mesa o cimento
Tem sua cama o cimento
E entre seu ninho de papelão e de cobertas poídas
Fez seu aniversário em uma calçada suja
Comemorando 8 anos na companhia
Da fome, do frio, do desalento
E eu, em minha pequenez humana
Te abraço, te beijo, e junto ao copo de leite quente
A única coisa que, vergonhosamente
Posso te oferecer nessa noite de inverno,
Rezo em prece silenciosa
Para que seus próximos 8 anos
E mais 8 anos e mais, muito mais que 8 anos
Sejam de despertar
De bater asas, de voar
Ir para longe, muito longe
Desse cimento frio que te acolhe agora
E que vire uma mulher
Digna, forte,
Que desafie os carmas e as justiças divinas
Que desafie as porcentagens e as estatísticas dos jornais
E ainda que com cicatrizes no corpo e na alma
Seja feliz.
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
No silêncio de uma noite de verão
Depois que o vento e a chuva se foram
Agora só restam os rastos de luz colorindo o asfalto
Vagueio com meu cigarro
E corro com os olhos, seguindo a fumaça
Que logo mais irá desaparecer
Como os amantes da madrugada
Como as prostitutas nas ruas
Como os carros e os sons
Logo mais, todos irão desaparecer
Ficarão somente as memórias iluminadas
E as lembranças das risadas cortando a noite
Que agora se cala
Porque o sol vermelho já desponta no horizonte
Depois que o vento e a chuva se foram
Agora só restam os rastos de luz colorindo o asfalto
Vagueio com meu cigarro
E corro com os olhos, seguindo a fumaça
Que logo mais irá desaparecer
Como os amantes da madrugada
Como as prostitutas nas ruas
Como os carros e os sons
Logo mais, todos irão desaparecer
Ficarão somente as memórias iluminadas
E as lembranças das risadas cortando a noite
Que agora se cala
Porque o sol vermelho já desponta no horizonte
Assinar:
Postagens (Atom)