Não há Carma, nem Divina Justiça
Que me faça entender
Por que você, doce menina
Dorme sozinha, na rua, ao relento
Um anjo não poderia, não poderia jamais
Fazer, da sua casa,
O asfalto, o cimento
Mas você, triste anjinho
Tem sua sala o cimento
Tem sua mesa o cimento
Tem sua cama o cimento
E entre seu ninho de papelão e de cobertas poídas
Fez seu aniversário em uma calçada suja
Comemorando 8 anos na companhia
Da fome, do frio, do desalento
E eu, em minha pequenez humana
Te abraço, te beijo, e junto ao copo de leite quente
A única coisa que, vergonhosamente
Posso te oferecer nessa noite de inverno,
Rezo em prece silenciosa
Para que seus próximos 8 anos
E mais 8 anos e mais, muito mais que 8 anos
Sejam de despertar
De bater asas, de voar
Ir para longe, muito longe
Desse cimento frio que te acolhe agora
E que vire uma mulher
Digna, forte,
Que desafie os carmas e as justiças divinas
Que desafie as porcentagens e as estatísticas dos jornais
E ainda que com cicatrizes no corpo e na alma
Seja feliz.
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
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Um comentário:
Conteúdo triste, forma linda demais.
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