quinta-feira, 26 de julho de 2012

Poema da separação - 11/2006


Secou as lágrimas, o rosto inchado
Me olhou, com desprezo, e sussurrou
Vá embora, não quero mais você
Ao meu lado
E então, saí por aí, sozinho,
Fumei, bebi,
E procurei pela noite, em vão
Por algum caminho
Agora, enquanto você calcula juros
Debaixo de um ar-condicionado
Eu estou aqui,
Com meus jeans surrados
Meus cabelos compridos
Caminhando pela chuva,
Com um sorriso nos lábios
Posso mesmo não ser um modelo de pessoa
Desses que você encontra
Nas novelas e nas revistas importadas
Mas acredite, não estou à toa
Sigo em frente nesta vida
Uma hora ali, outra em outro lado
Mas sempre em frente
Calmo e vacinado
E se um dia, por acaso
Na rua você cruzar comigo
E eu estiver correndo
Contra o atraso, de terno e gravata
Com as sobrancelhas franzidas
Calando poetas
E tropeçando em mendigos
Por favor, compre umas flores
Vista seu vestido mais discreto
E reze pela minha alma
Porque, neste dia, meu amor
Não tenha dúvidas,
Eu já terei morrido.

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